

Anã branca. Estado final de uma estrela com até 8 massas solares. É o menos denso dos objectos compactos, e pode ter uma massa entre 0,6 e 1,4 massas solares (limite de Chandrasekhar) mas com tamanho próximo da Terra e uma densidade milhares de vezes superior. Uma anã branca perdeu o seu combustível, que inicialmente forma um envelope exterior chamado nebulosa planetária. A atracção gravitacional é contrariada não pela produção de energia mas pela pressão da degenerescência electrónica, que também é responsável pela estrutura estável da estrela. A anã branca vai lentamente perdendo energia até se tornar numa anã preta, num processo que pode durar milhões de anos. Uma anã branca integrada num sistema binário poderá retirar matéria à sua companheira, formando um disco de acreção. Caso a massa da anã branca ultrapasse o limite de Chandrasekhar transforma-se numa supernova de tipo Ia.
Anos-luz. Distância que a luz percorre num ano no vácuo num ano Juliano (365,25 dias). Unidade comummente utilizada em astronomia e astrofísica, corresponde a 9,469.46 × 1015 m, a 63.240 AU (unidades astronómicas) ou a 0,306 pc(parsecs).
Astrofísica. Ramo da astronomia que estuda a física do Universo e a sua evolução, através do desenvolvimento e da aplicação de leis e teorias de física para a interpretação de observações astronómicas. A astrofísica estuda as propriedades físicas (densidade, luminosidade e temperatura, entre outras) e químicas (composição química) das estrelas, planetas e outros corpos celestes. Também estuda o meio interestelar, as galáxias e a radiação cósmica de fundo. A astrofísica teve o seu início no século XIX, com a aplicação da espectroscopia e da fotografia ao estudo de estrelas e outros corpos celestes. Actualmente recorre a diferentes áreas da física, como o electromagnetismo, a termodinâmica, a física das partículas, a mecânica quântica e a relatividade/gravitação.
Big Bang. Teoria mais aceite para o começo do universo, que postula que o universo começou como uma singularidade pontual e tem, desde então, vindo a expandir. O nome desta teoria vem do inglês “grande explosão” e refere-se ao facto de, na versão actual e mais aceite, as fases iniciais de crescimento terem sido explosivas. O termo Big Bang tem, na realidade, dois significados: num sentido estrito, refere-se ao momento em que começou a expansão no universo. Num sentido lato, refere-se ao modelo cosmológico que explica a origem e a evolução do nosso universo. A teoria do Big Bang tem forte suporte nas observações que mostram que o nosso universo se encontra em expansão (explicando, por exemplo, a nucleossíntese dos elementos, a radiação cósmica de fundo e o diagrama de Hubble) e tem mostrado ser consistente com a teoria da relatividade geral de Einstein e com o princípio cosmológico.

Buraco negro. Corpo celeste com um campo gravitacional tão forte que nada, nem sequer a luz, consegue escapar da sua superfície. De acordo com a relatividade geral todas as estrelas que tenham pelo menos 3 massas solares no momento do seu colapso gravitacional transformam-se num buraco negro, contraindo-se até formarem um ponto de densidade infinita, a singularidade, que passa a estar escondida por trás de um horizonte de eventos. Como um buraco negro não emite luz, só é possível detectá-lo indirectamente, através do efeito sobre outros corpos celestes e sobre a matéria. A matéria atraída por um buraco negro forma um disco de acreção, tornando-o uma potencial fonte astrofísica de raio-X e de outro tipo de radiações. Hoje é aceite a existência de um buraco negro supermassivo no centro da nossa Via Láctea, o mesmo acontecendo com outras grandes galáxias. Quando se considera um espaço-tempo a quatro dimensões, é possível descrever um buraco negro com apenas três parâmetros, massa, momento angular (rotação) e carga eléctrica. Existem várias classificações baseadas nestes três parâmetros. O conceito de buraco negro foi apresentado pela primeira vez pelo geólogo inglês John Michell em 1783. O termo “buraco negro” só foi cunhado em 1967, pelo físico teórico norte-americano John Archibald Wheeler durante uma conferência, em resposta a uma sugestão de um membro da audiência. Em 1974 o físico teórico Stephen Hawking concluiu que quando são considerados os efeitos de mecânica quântica, os buracos negros perdem massa sob a forma de radiação de Hawking.
Censura cósmica (Conjectura da). Conjectura formulada em 1969 pelo físico-matemático inglês Roger Penrose, que visa proibir a existência de singularidades nuas no universo. A hipótese afirma que as singularidades do universo estão sempre cobertas por horizontes de eventos, ou seja, dentro de buracos negros e invisíveis para observadores externos. A hipótese da censura cósmica não foi até agora provada, mas pensa-se que em termos gerais, seja válida. Caso se prove errada, poderão existir pontos do universo em que a relatividade geral falha, pondo em causa esta teoria. Também conhecido como Hipótese da Censura Cósmica.
Centra. Centro multidisciplinar de astrofísica do departamento de física do Instituto superior técnico. No vídeo que se segue o Prof. José Pizarro de Sande e Lemos conta a história deste centro de investigação que é também a nossa casa.
Colapso gravitacional. Agregação de matéria em torno de um centro de massa comum, promovido pela atracção gravítica. A integridade de um corpo celeste é mantida por dois efeitos de acção contrária, a atracção gravitacional e a pressão interna. Caso a pressão interna diminua, o corpo celeste colapsa sobre si próprio até atingir um novo equilíbrio. O colapso gravitacional torna-se particularmente importante para corpos celestes muito massivos (estrelas, galáxias, etc.). É também responsável pela formação de estrelas e pelo seu colapso em final de ciclo de vida.
Colapso gravitacional de nuvens moleculares. Processo de formação de estrelas com pelo menos 20 massas solares. Caso a massa de uma nuvem molecular ultrapasse um determinado valor, chamado massa de Jean, a nuvem irá fragmentar-se e cada fragmento irá colapsar por si, levando à formação de várias estrelas. Inicialmente a energia libertada no colapso é irradiada. Mas o aumento inicial da densidade da proto-estrela torna-a opaca ao ponto de deixar de irradiar energia, levando ao aumento de temperatura e, como consequência, da pressão. A continuação do aumento da temperatura no interior da proto-estrela promove finalmente a fusão termonuclear, levando à produção de energia que é irradiada sobre a forma de luz e de calor. Quando a pressão interna iguala a atracção gravítica, o processo de colapso termina. O valor da massa de Jean depende da densidade e da temperatura da nuvem molecular.
Colapso gravitacional de uma estrela. Colapso que ocorre no final do ciclo de vida de uma estrela muito massiva. O colapso é uma consequência da falta de combustível, que leva a uma diminuição da pressão interna. Estrelas que nessa altura tenham pelo menos 1,4 massas solares (limite de Chandrasekhar) acabam por colapsar, tornam-se supernovas e transformam-se em estrelas de neutrões ou, se tiverem mais de 3 massas solares, em buracos negros. Uma anã branca também pode colapsar, caso pertença a um sistema binário. A anã branca retira matéria à sua companheira e ao atingir o limite de Chandrasekhar colapsa, torna-se supernova de tipo Ia e é destruída. A coalescência de um sistema binário também resulta no colapso gravitacional dos corpos celestes que o compõem. O colapso gravitacional de uma estrela dá sempre origem a ondas gravitacionais, que poderão fornecer informação relevante sobre as suas características.
Constante de Hubble. Edwin Hubble constatou que galáxias longínquas se afastam da nossa galáxia, com uma velocidade proporcional à distância. A constante de Hubble relaciona a distância a que uma galáxia se situa da Via Láctea e a sua velocidade de afastamento. Também indica a taxa de expansão do universo e permite determinar directamente o tamanho e a idade do universo (que corresponde ao inverso da constante de Hubble). De acordo com a relatividade geral a velocidade de afastamento corresponde ao aumento da distância entre galáxias. A primeira determinação da constante de Hubble foi feita pelo astrónomo belga George Lemaître em 1927, recorrendo a estudo do deslocamento para o vermelho de origem cosmológica de estrelas cefeidas. Para além destas estrelas a constante de Hubble também foi determinada recorrendo a supernovas de tipo Ia e aos dados obtidos por sondas como a Hubble, a WMAP e a Planck.
Corpo celeste. Qualquer corpo ou objecto que existe no universo observável. Pode ser um objecto único como uma estrela ou um planeta ou um conjunto de objectos sob influência mútua de atracão gravitacional, como um sistema binário, o sistema solar ou uma galáxia.

Cosmologia. Ramo da física que estuda a estrutura, a origem e a evolução do universo como um todo. A cosmologia distingue-se de outros ramos da física por se basear em observações e não em experiências. Sofreu um grande desenvolvimento no início do século XX, quando Albert Einstein apresentou a relatividade geral, que descreve a estrutura geométrica do Universo e explica o seu comportamento como um todo, e Edwin Hubble provou que o universo contém milhares de galáxias e se está a expandir, a primeira demonstração da ocorrência do Big Bang.
Deslocamento para o vermelho. Deslocamento do espectro de um corpo celeste para comprimentos de onda mais longos, em que todas as linhas espectrais apresentam o mesmo deslocamento. O nome deve-se ao facto de, na luz visível, o deslocamento ser para a zona “vermelha” do espectro. O deslocamento para o vermelho indica que a distância entre o corpo celeste e a Terra está a aumentar. Este efeito foi primeiro estudado pelo físico e matemático austríaco Christian Andreas Doppler na década de 1840. Existem três tipos de deslocamento para o vermelho, de acordo com o processo que o cria: efeito de Doppler, o deslocamento para o vermelho de origem gravitacional e o deslocamento para o vermelho de origem cosmológica.
Deslocamento para o vermelho de origem cosmológica. Deslocamento para o vermelho criado pela expansão do universo (do espaço-tempo). A expansão do espaço-tempo leva ao alongamento do comprimento de onda. Este efeito foi identificado pela primeira vez em 1912 pelo astrónomo norte-americano Vesto Slipher, no estudo de galáxias e confirmado na década de 1920 por outros dois astrónomos, o belga George Lemaître e o norte-americano Edwin Hubble. Os estudos de Hubble baseados neste deslocamento para o vermelho levaram à formulação da Lei de Hubble.
Deslocamento para o vermelho de origem gravitacional. Deslocamento para o vermelho dos fotões emitidos/reflectidos por um corpo celeste. Um fotão perde energia ao afastar-se do corpo celeste devido ao campo gravitacional deste último. Como a velocidade do fotão é constante a energia perdida corresponde a uma diminuição da sua frequência, que equivale ao aumento do seu comprimento de onda. Quanto maior a massa do corpo celeste maior o deslocamento. Este efeito também pode ser visto como uma consequência da dilatação do tempo (tendo como resultado a diminuição da frequência). O comprimento de um fotão em queda livre num corpo celeste sofre um deslocamento para o azul. O deslocamento para o vermelho de origem gravitacional foi previsto por Einstein em 1911, como consequência do princípio de equivalência, e confirmado em 1960 pelos físicos norte-americanos Robert Pound e Glen Rebka. O efeito é muito reduzido na Terra, mas pode ter consequências e aplicações muito importantes, como acontece no GPS.

Detector de ondas gravitacionais. Instrumento desenvolvido para a detecção directa de ondas gravitacionais. Os maiores problemas colocados a estes instrumentos são a sensibilidade exigida para a detecção destas ondas, na ordem de 1 atómetro (10-18 m), bem abaixo da dimensão de um protão (10-15 m), e ainda diferenciar as ondas gravitacionais do ruído de fundo (provocado por ruídos electrónicos, ondas sísmicas, ondulação marítima, passagem de aviões, ruído térmico, etc.). Os primeiros detectores de ondas gravitacionais foram desenvolvidos na década de 1960, por uma equipa liderada pelo físico norte-americano Joseph Weber. A maioria dos detectores de ondas gravitacionais actualmente em funcionamento ou em construção são interferómetros de laser, como o LIGO, o LISA e o VIRGO. A conjugação da informação recolhida por todos estes instrumentos, situados em diferentes locais (Estados Unidos, Alemanha, Índia, Japão, Itália) permitirá filtrar melhor o ruído de fundo e fazer uma triangulação mais precisa de um evento, particularmente de um evento transiente (como a coalescência de um sistema binário). Até ao final da década de 2010 espera-se poder detectar anualmente centenas de eventos geradores de ondas gravitacionais.

Efeito de Doppler. Deslocamento do comprimento de onda de uma onda vinda de uma fonte em movimento em relação ao observador. Quando a fonte se aproxima do observador a onda é comprimida e o comprimento de onda diminui (e a frequência aumenta), ocorrendo um deslocamento para o azul (o nome deve-se ao facto de, na luz visível, o deslocamento ser para a zona “azul” do espectro). Quando a fonte se afasta do observador o comprimento de onda aumenta, ocorrendo um deslocamento para o vermelho. Quanto maior o deslocamento, maior a velocidade da fonte. O estudo do efeito Doppler permite determinar a velocidade das estrelas da Via Láctea e se estas se estão a aproximar (deslocamento para o azul) ou a afastar (deslocamento para o vermelho) da Terra. Permite ainda identificar e caracterizar sistemas binários de estrelas. O efeito de Doppler toma o nome do físico e matemático austríaco Christian Andreas Doppler, que descobriu este efeito na década de 1840.
Energia escura. Forma hipotética de energia que contraria a acção da gravidade e que constitui até 63,8% do universo. É vista por algumas teorias como uma nova versão da constante cosmológica. A energia escura foi proposta em 1998, para explicar o fenómeno de aceleração da expansão do universo. Foi sugerido que a energia escura é uma energia residual do espaço, que esteve sempre presente no universo, existindo mesmo em zonas desprovidas de matéria e de energia. De acordo com a mecânica quântica a energia escura é energia gerada pela constante formação e aniquilação de partículas. À medida que o universo se vai expandido a acção da energia escura foi tornando-se cada vez mais importante, enquanto a influência da atracção gravitacional diminui. O termo “energia escura” foi utilizado pela primeira vez em 1998 pelo cosmologista norte-americano Michael Turner.
Enxame de galáxias. Conjunto de galáxias mantido pela sua atracção gravitacional mútua. São os maiores objectos do universo, podendo ter até milhares de galáxias e um comprimento de milhares de anos-luz. Podem ser classificados quanto à sua morfologia, como regulares ou irregulares, ou quanto ao número de galáxias, como ricos ou pobres. Pensa-se que mais de 80% da matéria de um enxame de galáxias é matéria escura. Este facto explica a velocidade das galáxias nos enxames (demasiado rápidas para ser apenas explicado pela massa visível). A Via Láctea pertence a um pequeno enxame de galáxias pobre e irregular, chamado Grupo Local. Os dois enxames mais próximos do Grupo Local são o enxame de Virgo e o enxame de Coma.

Equações de Einstein. São as equações matemáticas que descrevem a interacção gravitacional segundo a teoria de Einstein. As equações de Einstein são geométricas, isto é, elas dizem como o espaço-tempo se curva na presença de matéria.

Espaço-tempo. Estrutura geométrica unificada que integra três dimensões de espaço e uma de tempo. Pode ser descrito por um sistema de quatro coordenadas, três espaciais e uma temporal, que permite localizar qualquer objecto ou evento. Na relatividade geral a relação entre a matéria e/ou a energia e o espaço-tempo é descrita pelas equações de Einstein. Esta teoria considera que a matéria e a energia curvam o espaço-tempo (quanto maior a massa, maior a curvatura criada) e que a gravidade é resultado desta curvatura.
Estrela. Corpo celeste esférico, constituído principalmente por hidrogénio. Quase desde a sua formação uma estrela contraria o colapso gravítico através da pressão criada pela energia produzida pela fusão de hidrogénio, hélio e outros elementos (até ao ferro). Parte da energia de uma estrela é radiada para o exterior como radiação electromagnética e calor. A massa de uma estrela depende da quantidade de matéria disponível no momento da sua formação. Quanto maior a massa de uma estrela, mais rapidamente ela esgota o seu combustível e chega ao final do seu ciclo de vida. O que ocorre então depende da massa da estrela nesse momento. Se tiver menos de 1,4 massas solares (limite de Chandrasekhar) a estrela transforma-se numa anã branca. Se tiver entre 1,4 e 3 massas solares a estrela colapsa numa estrela de neutrões e se tiver mais de três massas solares colapsa num buraco negro. Para além da massa, as estrelas variam entre si no tamanho, temperatura, magnitude (brilho), cor e composição química. As estrelas podem ser classificadas pelo seu espectro de emissão, de azul a vermelho, como O, B, A, F, G, K, ou M. Outra classificação muito utilizada é a que recorre ao diagrama de Hertzsprung-Russell, um gráfico que descreve a luminosidade de uma estrela em função da sua temperatura. A maioria das estrelas conhecidas encontra-se agrupada numa “área” deste diagrama chamada sequência principal.
Estrela Binária. Ver sistema binário.
Estrela de neutrões. Estágio final de uma estrela com entre 8 e 20 massas solares, resultante de uma supernova de tipo II. A massa das estrelas de neutrões pode variar entre 1,4 e 3 massas solares, e podem ter de 10 a 25 km de diâmetro (a dimensão de uma grande cidade). A atracção gravitacional é contrariada pela pressão de degenerescência dos neutrões, tornando-a muito mais densa que uma anã branca e capaz de funcionar como uma lente gravitacional. Uma estrela de neutrões tem normalmente uma elevada velocidade angular (rotação), com um período que pode variar entre alguns milissegundos e alguns segundos, e um elevado campo magnético na ordem de 10E12 Gauss, muito, muito superior ao da Terra. O elevado grau de rotação resulta da conservação do momento angular que a estrela tinha antes de se tornar supernova. Estrelas de neutrões capazes de emitir radiação electromagnética são chamadas pulsares. Uma estrela de neutrões integrada num sistema binário poderá retirar matéria à sua companheira, formando um disco de acreção. A matéria adicionada flui para os pólos magnéticos da estrela, libertando energia sob a forma de raios-x. O termo estrela de neutrões foi usado pela primeira vez por dois astrónomos, o suíço Fritz Zwicky e o alemão Walter Baade em 1933, e baseia-se no facto de o colapso gravitacional forçar a combinação de protões e electrões para a formarem neutrões. A primeira estrela de neutrões, um pulsar, foi descoberta pela astrónoma britânica Jocelyn Bell Burnell em 1967.
Evento. Ponto descrito por um conjunto de coordenadas no espaço-tempo que representa uma realidade física observável no espaço e no tempo (por exemplo a posição em coordenadas cartesianas e o instante em que ocorreu: t,x,y,z). Também conhecido como acontecimento.

Galáxia. Conjunto de estrelas e outros corpos celestes, gás, poeira cósmica e matéria escura mantido pela sua atracção gravítica mútua. Uma galáxia tem, em média, um diâmetro de milhares de anos-luz e centenas de milhões de estrelas. A matéria escura contribui para a atracção gravitacional que mantem as estrelas movendo-se em torno do centro da galáxia. Actualmente pensa-se que nas galáxias maiores o centro é ocupado por um buraco negro supermassivo. Até ao início do século XX pensava-se que a Via Láctea era a única galáxia no universo. Na década de 1920 o astrónomo norte-americano Edwin Hubble demonstrou que existem muitas outras galáxias e que estas se estavam a afastar umas das outras, uma indicação da expansão do universo. Uma estimativa feita recorrendo ao telescópio espacial Hubble revelou que existem mais de 100 mil milhões de galáxias no universo observável. As galáxias organizam-se em grupos, chamados enxames de galáxias.
Geodésica. Linha de comprimento mais curto que une dois pontos de uma superfície curva. Na relatividade geral corresponde à trajectória de um corpo no espaço-tempo.
Grit. Acrónimo de “Gravitation in Técnico” (Gravitação no Técnico). É o nome do nosso grupo de investigação. Para saberes mais sobre nós e sobre o nosso trabalho vai à secção Quem Somos e não deixes de ler as Crónicas do Grit.
Gravidade. Fenómeno físico, observado ao longo de séculos, através do qual dois corpos de atraem, e por vezes responsável pelo movimento desses corpos. A gravitação explica é fenómeno pelo qual as coisas caem na Terra, e também a razão pela qual a Lua orbita em torno da Terra e a Terra em torno do Sol. A descrição matemática deste fenómeno por Newton fazia uso de forças, e descrevia a gravitação como sendo proporcional à massa de cada um dos corpos, e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. Esta formulação foi dos grandes triunfos da Humanidade. Somente séculos mais tarde Einstein formulou a sua teoria da Relatividade Geral, que foi não só um salto conceptual, como uma melhoria em termos quantitativos.
Gravitação. Ver “Gravidade”.

Horizonte de eventos. Fronteira limite de uma região do espaço-tempo a partir do qual a acção gravitacional é tão grande que nem a luz (ou qualquer outro objecto) para lá dessa fronteira consegue escapar. Por esta razão nada que ocorra dentro do horizonte de eventos pode ser observado por ou influenciar um observador exterior. De acordo com a hipótese da censura cósmica o horizonte de eventos esconde a singularidade de um buraco negro. Também conhecido como horizonte de acontecimentos.
Inflação. Conjunto de modelos que propõem um crescimento exponencial do universo menos de um segundo após o Big Bang. Quando o universo tinha 10E-35 segundos e um tamanho muito inferior ao de um protão sofreu uma enorme expansão. Durante perto de 10E-30 segundos duplicou o seu tamanho perto de 100 vezes, tornando-se 10 iotas (10E25) vezes maior. Depois do período de inflação o universo continuou a expandir-se mas a uma taxa menor, denominada constante de Hubble. A inflação foi apresentada pelo físico teórico norte-americano Alan Guth em 1981 para explicar a não existência de monopólos magnéticos no universo. Mas também explica outras questões relevantes da cosmologia, como o Problema da Planura (o facto de o universo observável parecer plano) e o Problema do Horizonte. A inflação defende ainda que as pequenas variações de temperatura na radiação cosmológica de fundo resultaram de pequenas flutuações quânticas de densidade de massa, criadas antes do período de inflação. A inflação parece, em geral, estar de acordo com os dados obtidos pelas sondas WMAP e Planck.
Interferómetro. Instrumento que utiliza padrões de interferências de ondas para determinar comprimentos, distâncias, comprimentos de onda, índices de refracção de materiais transparentes e outras propriedades de forma precisa. A maioria dos detectores de ondas gravitacionais actualmente existentes ou em construção são interferómetros de Michelson. Um feixe de laser é dividido em dois feixes que percorrem caminhos perpendiculares entre si e são depois reflectidos e reunidos, formando de novo um feixe único. A passagem de uma onda gravitacional provoca uma variação no comprimento do percurso, que é diferente para cada feixe. O padrão de interferência do feixe de laser final consegue identificar a ocorrência destas variações com um intervalo inferior a 1 atómetro (10-18 m).
Lente gravitacional. Corpo celeste cuja posição relativa à Terra permite alterar a imagem de um corpo celeste mais distante, de uma forma semelhante a uma lente óptica. A trajectória da luz emitida pelo corpo celeste mais distante é alterada pela atracção gravitacional do corpo celeste, que actua como lente, de uma forma que depende directamente da massa e da posição relativa deste último. O efeito resultante pode ser uma imagem distorcida (incluindo alongamento e magnificação) ou, até, uma imagem múltipla do corpo celeste mais longínquo. Quando a Terra e outros dois corpos celestes se encontram perfeitamente alinhados, o corpo celeste mais distante aparece como um anel que rodeia o corpo celeste mais próximo, um efeito chamado anel de Einstein. O efeito de lente gravitacional permite determinar a massa do corpo celeste que actua como lente. Por esta razão tem sido utilizado para identificar zonas com matéria escura e calcular a sua massa. Também pode ser utilizado para identificar exoplanetas e outros MACHO. O efeito da lente gravitacional foi apresentado pela primeira vez em 1936, pelo físico alemão Albert Einstein.

LIGO. Acrónimo de “Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory” ou “Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferómetro Laser”. Sistema de detectores de ondas gravitacionais constituído por interferómetros de Michelson situados em duas instalações nos Estados Unidos da América. Hanford, em Washington, possui dois interferómetros, um com dois braços de 2 km de comprimento e outro com dois braços de 4 km de comprimento. Livingston, no Louisiana, tem um interferómetro com dois braços de 4 km de comprimento. Estes interferómetros têm capacidade para detectar ondas gravitacionais com uma frequência entre 10 e 10.000 Hz, que permitirá, em princípio, estudar a coalescência de sistemas binários de estrelas compactas. A existência das duas instalações permite descartar ruídos de fundo que sejam detectados apenas num dos detectores. Para além disso, foi criada uma parceria com o Virgo que irá permitir fazer a triangulação de eventos que originam ondas gravitacionais. Neste momento o LIGO está a ser actualizado, num projecto de colaboração envolvendo os Estados Unidos, a Alemanha e a Austrália. O Advanced LIGO deverá estar em pleno funcionamento antes de 2020. Foram ainda estabelecidos projecto de colaboração com o Virgo em Itália e com a Índia, para a construção de um detector de ondas gravitacionais, LIGO-Índia.

Limite de Chandrasekhar. Valor máximo de massa de uma anã branca estável, correspondente a perto de 1,4 massas solares (valor que pode variar ligeiramente, conforme o conteúdo metálico da estrela). Estrelas que no final do seu ciclo de vida tenham uma massa superior ao limite de Chandrasekhar tornam-se supernovas e colapsam, transformando-se em estrelas de neutrões ou em buracos negros. O nome é dado em honra ao astrofísico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar, que deduziu este valor no início da década de 1930, ao avaliar o valor máximo de massa que uma estrela pode ter que permita manter o equilíbrio entre a pressão da degenerescência electrónica e a acção gravítica.
LISA. Acrónimo de “Laser Interferometer Space Antenna” ou “Antena Espacial de Interferómetro Laser”. Sistema de detectores de ondas gravitacionais constituído por interferómetros de Michelson. Quando estiver em funcionamento será o primeiro detector de ondas gravitacionais no espaço, seguindo a mesma órbita que a Terra, sempre 20º atrás do planeta. É constituído por três satélites idênticos, formando os vértices de um triângulo equilátero com um comprimento de 5 milhões de km. Cada satélite emite um feixe laser para um dos outros dois satélites e recebe um feixe laser desses mesmos satélites, que é comparado com um laser de referência. Desta forma cada dois braços deste triângulo formam um interferómetro de Michelson. Este sistema tem capacidade para detectar ondas gravitacionais com uma frequência entre 0,0001Hz e 1,0 Hz, que permitirá, em princípio, estudar a coalescência de sistemas binários de buracos negros supermassivos. O LISA apresenta várias vantagens sobre os detectores de ondas gravitacionais terrestres. No espaço o ruído de fundo é consideravelmente menor porque não existem fontes de perturbação terrestres. O tamanho dos braços pode ser muito maior, porque não é constrangido pela curvatura da Terra. Finalmente o LISA consegue detectar frequências muito mais baixas, permitindo estudar a coalescência de buracos negros supermassivos. O LISA foi um projecto conjunto da NASA da ESA até à saída da NASA em 2011. Nessa altura o projecto foi reestruturado e recebeu um novo nome, eLISA (Evolved LISA).
Massa solar. Unidade de massa equivalente à massa do Sol (sensivelmente 1,9984 x 1030 kg), muito utilizada em astronomia e astrofísica para indicar a massa de outros corpos celestes.
Matéria escura. Matéria hipotética que não emite nem reflecte radiação electromagnética, mas que pode ser detectada indirectamente pelo seu efeito gravitacional sobre outros corpos celestes e sobre as galáxias. Actualmente pensa-se que constitui até 26,8% de toda a matéria existente no universo. Perto de 20% da matéria escura é constituída por MACHO (isto é, objectivos muito massivos mas escuros, como por exemplo buracos negros ou estrelas de neutrões). Outros candidatos são os WIMP. A existência de matéria escura foi proposta em 1933, pelo astrónomo suíço Fritz Zwicky, para explicar a estrutura e a organização do enxame de galáxias Coma. A matéria escura também explica a curva de rotação das galáxias (a distribuição das velocidades angulares das estrelas em função da sua distância ao centro da galáxia), que depende da quantidade e distribuição de massa neste corpo celeste. Tal como acontece com os planetas no sistema solar, seria esperado que quanto mais longe estivesse uma estrela do centro de uma galáxia menor a sua velocidade. Mas a velocidade das estrelas que não estão muito próximas do centro da galáxia é semelhante, independente da sua posição. Por isso, na década de 1970, foi proposto que pelo menos três quartos da massa de uma galáxia é matéria escura.

Meio interestelar. Material que existe no espaço entre corpos celestes (por exemplo entre estrelas ou até entre galáxias). Constitui cerca de 15% da massa da Via Láctea. Tem uma densidade muito baixa, sendo constituído principalmente por gases em forma atómica, iónica ou molecular (perto de 99%) e poeiras (cerca de 1%). Cerca de 90% do gás é hidrogénio criado nos primeiros momentos do universo. Nas zonas mais densas do meio interstelar é possível a formação de novas estrelas. Durante o século XIX e início do século XX pensava-se que o meio interestelar era constituído por éter (um material considerado essencial para a propagação de radiação electromagnética).
Momento angular. Quantidade que quantifica a rotação de um corpo. O momento angular de um corpo é tanto maior quanto maior for a sua velocidade de rotação e a sua massa. Para um sistema isolado, o momento angular total é conservado, isto é, não varia com o tempo.
Objecto compacto. Designação generalista para corpos celestes muito densos, nomeadamente estrelas em final do seu ciclo de vida, como anãs brancas, estrelas de neutrões e buracos negros. Nos objectos compactos a atracão gravitacional não é contrariada pela fusão nuclear mas sim pela pressão de degeneração. Os objectos compactos apresentam estados de matéria que não é possível recriar na Terra, pelo que se espera que o seu estudo permita compreender melhor as partículas que constituem a matéria. Também conhecido por estrela compacta.
Ondas Gravitacionais. Flutuações (ondas) no espaço-tempo que se propagam à velocidade da luz. Podem ser criadas por corpos celestes em movimento no espaço-tempo que estejam em aceleração, quer estejam em aceleração linear ou pertençam a sistemas binários em rotação (como pares de estrelas de neutrões ou pares de buracos negros) e ainda pela formação de uma supernova, interacção de galáxias, etc. Quanto maior a massa e velocidade do corpo celeste, maior a amplitude destas ondas. A frequência das ondas é da ordem da frequência do objecto que as gera.

Outra fonte de ondas gravitacionais é o Big Bang. A existência de ondas gravitacionais foi prevista pelo físico alemão Albert Einstein em 1916, como uma consequência da relatividade geral. Até agora apenas foi possível detectá-las indirectamente, pelo estudo de sistemas binários de estrelas, como o do pulsar PSR 1913+16. A detecção directa de ondas gravitacionais é muito difícil, porque têm amplitudes baixas e quase não interagem com a matéria. Mas este facto torna-as relevantes para a astrofísica e para a cosmologia, como possíveis fontes de informação sobre os corpos celestes que as originam. Existem vários programas para a detecção de ondas gravitacionais, como o LIGO, o LISA e o Virgo.

Planck. Sonda espacial lançada em 2009 para estudar a radiação cósmica de fundo e analisar as suas anisotropias (pequenas variações). A informação recolhida pela sonda vai permitir determinar a evolução inicial, a geometria e o conteúdo do universo, incluindo matéria escura. A Planck resultou da colaboração entre a ESA e a NASA. Era composta por dois instrumentos, instrumento de alta frequência (IAF) e instrumento de baixa frequência (IBF), que em conjunto detectavam 9 frequências diferentes, entre 30 e 857 GHz, com uma sensibilidade de 2,0E-6 K, e também determinar a polarização da radiação electromagnética. O término das reservas de hélio dos sistemas de arrefecimento da Planck ditou o fim da actividade do IAF em Janeiro de 2012 e o fim da actividade do IBF em Outubro de 2013. Os dados recolhidos pela Planck estão ainda a ser analisados.
Princípio da Relatividade (explicado por João Rico):
Problema dos Dois Corpos. Ver Dois Corpos (Problema dos). Ver também Relatividade Numérica e os Problema dos dois Corpos.

Pulsar. Acrónimo de “pulsating star” ou “estrela pulsante”. Estrelas de neutrões, que emitem periodicamente pulsos de radiação electromagnética. Os pulsos, emitidos com um período que pode variar entre alguns milissegundos e segundos, resultam da rápida rotação da estrela e da emissão de partículas a alta velocidade e também de radiação. Numa estrela de neutrões as partículas são aceleradas ao ponto de poderem emitir radiação electromagnética. Devido ao elevado campo magnético gerado pela estrela, as partículas seguem as linhas desse campo, sendo ejectadas na zona dos pólos magnéticos, conjuntamente com a radiação que emitem. Como na estrela o eixo de rotação não coincide com o eixo dos pólos magnéticos, um pulsar actua como um farol. Sempre que um dos pólos magnéticos da estrela aponta para a Terra é possível detectar a radiação emitida. O primeiro pulsar, chamado PSR B1919+21, foi descoberto pela astrónoma britânica Jocelyn Bell Burnell em 1967.
Radiação cósmica de fundo. Primeira radiação electromagnética emitida no universo, que hoje o permeia de forma praticamente uniforme. Foi libertada cerca de 380.000 anos após a formação do universo, quando a temperatura baixou para perto de 3000 K (cerca de 2700 °C). Com a expansão do universo o comprimento de onda da radiação cósmica de fundo foi-se alargando e é actualmente constituída por micro-ondas e ondas rádio, com um espectro correspondente ao de um corpo negro de 2,73 K (sensivelmente -270 °C). A radiação cósmica de fundo apresenta variações de temperatura na ordem de 1 parte para 100.000, que podem fornecer informações importantes sobre o universo, a sua evolução e estrutura. Alguns exemplos são a idade do universo, a constante de Hubble, a quantidade de energia escura, a quantidade e distribuição de matéria e de matéria escura. Também permite avaliar a teoria de inflação e outras teorias sobre a origem do universo. Por esta razão a radiação cósmica de fundo foi alvo de estudo da COBE e da WMAP, duas missões da NASA e, mais recentemente da Planck, da ESA.
Radiação de Hawking. Efeito quântico que faz com que buracos negros “evaporem,” emitindo fotões, neutrinos, etc. A radiação de Hawking foi prevista na década de 70, mas ainda não foi observada, pois a temperatura de Hawking de buracos astrofísicos é muito pequena e mais baixa ainda que a da radiação cósmica de fundo. A análise de Hawking foi um passo muito importante em física pois une todas as constantes fundamentais da natureza, e foi também a primeira previsão de efeitos quânticos em relatividade geral.
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![]() a ser emitida por um buraco negro. |
Relatividade
Ver Princípio da Relatividade.
Relatividade Geral. Teoria que explica a gravitação em termos de curvatura do espaço-tempo. Esta teoria é uma das construções mais elegantes do pensamento humano e foi concebida por Albert Einstein em 1916. Esta formulação abandona o conceito Newtoniano de forças, e introduz o conceito de geodésicas em geometrias curvas: nesta teoria os corpos movem-se sempre de forma a minimizar comprimento da sua trajectória no espaço-tempo. A teoria chama-se de relatividade geral pois é uma generalização da teoria da relatividade especial de Einstein, e faz uso do princípio de Equivalência, segundo o qual é impossível distinguir entre campos gravitacionais homogéneos e referenciais acelerados. A teoria de Einstein reduz-se à teoria de Newton (segundo a qual dois corpos se atraem com uma força inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles), quando a densidade dos corpos é baixa e eles se movem a baixas velocidades. Contudo, a teoria prevê novos fenómenos, como lentes gravitacionais, ondas gravitacionais e buracos negros. Os GPS não funcionariam bem sem a teoria de Einstein. Até hoje, os cientistas estão a tentar compreender todo o conteúdo das equações de Einstein, isto é, da sua teoria da Relatividade Geral.
Relatividade Numérica (explicada por Hirotada Okawa)
Relatividade Numérica e o Problema dos Dois Corpos (explicada por Andrea Nerozzi)
Singularidade. Ponto no espaço-tempo onde a curvatura do espaço-tempo é infinitamente grande, ou onde “não existe mais para onde ir”. De acordo com a relatividade geral, existe uma singularidade no centro de cada buraco negro, onde a teoria falha (deixa de ser aplicável). Pensa-se que o universo começou com uma singularidade nua (em que a densidade e a curvatura do espaço-tempo eram infinitas). A conjectura da censura cósmica defende que actualmente não existem singularidades nuas no universo: todas as singularidades estão escondidas por um horizonte de eventos, e por isso não são visíveis do exterior.
Singularidade nua. Singularidade que não está coberta por um horizonte de eventos e que portanto é visível para um observador externo. De acordo com a relatividade geral, o universo começou com uma singularidade nua. A existência de singularidades nuas coloca questões científicas importantes na relatividade geral, porque esta teoria falha (deixa de ser aplicável) numa singularidade. Assim, em 1969, físico Roger Penrose, propôs a conjectura da censura cósmica, que defende que não podem existir singularidades nuas no universo.

Sistema binário. Sistema de dois corpos celestes que orbitam em torno de um centro de massa comum, promovido pela atracção gravitacional mútua. É possível identificar e caracterizar sistemas binários de estrelas pela análise do seu espectro, devido à variação do efeito de Doppler. A relatividade geral determina os elementos de um sistema binários acabam por coalescer, levando à formação e emissão de ondas gravitacionais específicas, de acordo com as características do sistema. Também conhecido como estrela binária.
Supernova. Explosão que resulta do colapso de uma estrela, com libertação de matéria e de energia. Durante semanas, por vezes meses, a supernova é mais brilhante do que toda a galáxia a que pertence. A energia libertada por uma supernova corresponde à energia libertada pelo Sol em milhões de anos. As supernovas promovem a formação de elementos químicos com número atómico acima do número atómico do ferro, fundamentais para a vida. A explosão da estrela cria uma enorme onda de choque que expele a maioria da sua matéria (correspondente a várias massas solares nas estrelas mais massivas). Ao serem expelidas a elevada velocidade (próximo de 10% da velocidade da luz), as partículas emitem fotões, principalmente raios X, e podem transformar-se em raios cósmicos. A onda de choque pode promover a formação de novas estrelas, se atingir uma nuvem molecular. As supernovas são classificadas, de acordo com o seu espectro de emissão, como tipo I (sem linhas de hidrogénio) ou tipo II (com linhas de hidrogénio). As supernovas de tipo I são ainda ser classificadas como tipo Ia, tipo Ib e tipo Ic. As supernovas de tipo Ib, Ic e II são conjuntamente classificadas como supernovas de colapso de núcleo e têm como origem uma estrela massiva. O termo supernova foi usado pela primeira vez em 1933 por dois astrónomos, o suíço Fritz Zwicky e o alemão Walter Baade.
Supernova de colapso de núcleo. Supernova que resulta do colapso de uma estrela massiva (com pelo menos 8 massas solares), que leva à formação de uma enorme onda de choque provocando a ejecção da maioria da sua matéria (correspondente a várias massas solares). Esta supernova dá origem a uma estrela de neutrões (caso tenha uma massa final entre 1,4 e 3 massas solares) ou um buraco negro (caso tenha uma massa final com mais de 3 massas solares). No interior das estrelas não são formados elementos com maior número atómico que o ferro porque este processo não liberta energia. O ferro formado concentra-se no núcleo da estrela e acaba por promover o seu colapso. A energia libertada pela supernova permite a formação de elementos químicos mais “pesados” que o ferro. As supernovas de colapso de núcleo podem ser classificadas como de tipo Ib, tipo Ic ou tipo II de acordo com os seus espectros de emissão. As supernovas de tipo II podem emitir radiação electromagnética até mil milhões de vezes superior à do Sol durante algumas semanas, mas desvanecem mais rapidamente do que as supernovas de tipo Ia.

Supernova de tipo Ia. Supernova que resulta do colapso de uma anã branca que ultrapassou o limite de Chandrasekhar (isto é, cuja massa é maior do que 1,4 massas solares), e que provoca a completa destruição da estrela, numa explosão que liberta em algumas semanas a energia libertada pelo Sol em toda sua vida. A supernova de tipo Ia ocorre com anãs brancas integradas em sistemas binários. Estas estrelas retiram matéria à sua companheira, formando um disco de acreção. Quando a massa da estrela ultrapassa o limite de Chandrasekhar, a sua densidade é suficiente para criar uma fusão rápida e descontrolada dos elementos presentes no núcleo, que leva à explosão da estrela como supernova. O processo que leva a uma supernova Ia é igual para todas as anãs brancas, permitindo a utilização destas supernovas como “velas padrão”, como aconteceu na determinação da actual aceleração da expansão do universo.
Universo. Conjunto do espaço e de tudo o que nele existe, incluindo matéria e energia. Os dados recolhidos pela sonda espacial WMAP indiciam que o universo possui, muito provavelmente, um espaço-tempo assimptoticamente plano, com uma geometria euclidiana ou muito próxima. Na década de 1920 dois astrónomos, o belga George Lemaître e o norte-americano Edwin Hubble, demonstraram que o universo se encontra em expansão. No final do século XX foi demonstrado que actualmente a expansão do universo se encontra em aceleração, promovida pela acção da energia escura. Os dados obtidos pelas sondas espaciais WMAP e Planck permitem estimar que o universo tem cerca de 13,8 mil milhões de anos.
Velocidade da Luz. Velocidade de propagação de radiação electromagnética num material. Em geral quanto mais denso for um material menor a velocidade da luz. Geralmente o termo “velocidade da luz” refere-se à velocidade de propagação da luz e de todas as partículas de massa zero no vácuo. É uma constante física descrita pela letra c e com o valor de 299.792.458 m/s. De acordo com a relatividade geral, a velocidade da luz é a velocidade máxima possível no nosso universo, para matéria, energia e informação e é constante para todos os observadores (independentemente do seu referencial). Esta teoria considera ainda a velocidade da luz como a constante que relaciona energia e massa.
Via Láctea. Galáxia em espiral, a que pertence o sistema solar e a Terra. Tem um diâmetro de 100.000 anos-luz, possui pelo menos 200 biliões de estrelas e uma massa entre 750 biliões e um trilião de massas solares. É a segunda maior galáxia do Grupo Local, depois de Andrómeda. Em Portugal é também conhecida como Estrada de Santiago.

VIRGO. Virgo é um enxame de galáxias à distância de 54 milhões de anos-luz. Este enxame dá também o nome ao maior detector de ondas gravitacionais europeu, situado no laboratório do Observatório Gravitacional Europeu (EGO) em Pisa, Itália. É constituído por um interferómetro de Michelson, com dois braços de 3 km de comprimento, sensível a ondas gravitacionais com frequência entre 10 e 10.000 Hz. Cada braço possui uma cavidade de ressonância de Fabry-Perot com dois espelhos, que possibilita a extensão do percurso óptico de 3 para 100 km, permitindo a amplificação das diminutas variações provocadas pela passagem de uma onda gravitacional. O VIRGO será capaz de detectar ondas gravitacionais geradas por sistemas binários, pulsares e supernovas situados em galáxias muito distantes, como as do enxame de galáxias Virgo (que lhe dá o nome). A construção do VIRGO foi iniciada em 2003 e está em funcionamento desde 2007.